Quinta-feira. A professora de português tinha faltado e não tinha substituta. Os alunos ficam pelo pátio. Uns estavam na quadra jogando futebol e outros no corredor e na classe conversando. Eu estava procurando um lugar para ficar isolado, sem ninguém da minha classe por perto. Fiquei no refeitório vazio, sentado em um banco sentado, pensando em algo. Quando de repente, sinto algo quente no meu braço. Era ela. Eu quase tive um surto. Não sabia o que fazer. Fiquei paralisado e ao mesmo tempo excitado. Nessa idade é fogo.
Ela começou a puxar conversa. Perguntou quantos ônibus eu tomava para chegar na escola. Eu virei e tomei coragem e perguntei a ela qual o motivo de tudo aquilo. Ela sem entender nada, perguntava o que. Eu respondi, aquele namoro com o moleque, a boa ação dela para pagar a minha condução. Ela respondeu que o namorou porque realmente gostava dele. E a condução era porque ela via que eu era esforçado e achava um desperdício de tempo que eu parasse de estudar. Perguntei a ela se ela gostava de alguém na escola. Ela me respondeu se eu estava falando de mim. Se ela gostava de mim. Eu nem deixei ela responder, disse que gostava dela e que ela só fez aquilo para fazer ciúmes para mim. Ela não respondeu nem não nem sim. Apenas perguntou por que eu não havia aceitado participar do concurso de lambada. Eu ri, disse que não sabia dançar e ela me respondeu que me ensinava que não era difícil. Eu olhei para ela e perguntei se depois das féria ela aceitava conversar comigo numa outra ocasião. Ela reposndeu se eu voltar a estudar depois das férias, sim. Eu levantei e disse a ela que estaria torcendo muito para ela ganhar o concurso. Nisso eu fui até a classe, peguei os meus cadernos, saí da escola pela diretoria e fui pra casa.
No dia da festa, para não ir com as mãos abanando, comprei um saco de milho para pipoca e fiz uma tigela de tupperware e levei para a escola. Ao entrar deixei a vasilha na classe encima da mesa da professora que fechou a classe e fui para ver a festa. Tinha uma parte que era reservado apenas para os professores, adultos e alunos do 2º grau. Ficava numa parte alta, que era uma espécie de interligação entre os corredores da escola, mas que durante o ano o portão era fechado. Eu com a minha cara de pau entrei, pois mesmo com treze anos, eu tinha altura de alguém com 16. Ao entrar, vejo os meus colegas de classe que ao me ver tentar entrar mas são impedidos pelo porteiro.
Nisso eu me encosto na mureta e vejo que o concurso de lambada já havia começado. Eu procuro e encontro ela dançando com a amiga. As duas de saia rodada, A da Leila era cor de vinho e da amiga azul piscina. A parte de cima era branca e da amiga era da mesma cor da saia. Do lado ouvia comentários maldosos sobre as duas estarem dançando juntas. Até insinuações de que as duas eram lésbicas ouvi. Eu estava imune a isso e só prestava atenção nela. Nas pernas delas, no movimento do corpo dela e lamentava de não estar lá.
Elas tiraram o segundo lugar e eu sai dali e voltei para classe que estava aberta. tive quedar uma volta imensa até chegar na classe e quando cheguei lá ela já estava na classe. E o pessoal estava comendo a pipoca. Até a professora disse que foi boa a idéia de quem trouxe de trazer pipoca. Mas eu não para de olhar ela com aquelas pernas, aquele corpo. Quando ela reparou que eu a estava olhando, sorriu. Nisso entra a amiga dela a chamando dizendo que alguém queira falar com ela. Ela não queria, mas a amiga dela a puxava e a levou para fora da sala.
Esperei por uns vinte minutos e resolvi ir embora. A pipoca já tinha acabado e coloquei a vasilha embaixo da blusa e fui embora pra casa.
Depois disso começou as férias e eu me mudei com a minha familia de lá. Só que a minha mãe resolveu pagar o meu ônibus e que eu continuasse a estudar lá. Após as férias voltei a escola. Alguns professores perguntaram o porque de eu continuar a estudar se eu dizia que ao me mudar iria mudar de escola. Eu não sabia o que responder. Outra coisa que havia acontecido é que ela não apareceu na primeira semana de aula.
Na outra semana tinha brigado feio na escola e resolvi não ir mais. Minha irmã que estudava na mesma escola ficou com os meus passes e eu em casa. Minha mãe descobriu e eu tomei uma surra dela.
Perdi o ano escolar e a garota que eu mais desejava. Eu pensando que iria esquecê-la fácil, ao ligar o rádio ouço uma história envolvendo duas pessoas. Paulo e Leila.
Desliguei o rádio.