domingo, 9 de julho de 2006

Coração partido nº 3

Era a metade do segundo bimestre. Um mês para eu ir embora, pensei. Eu ainda tinha tentado mais uma garota, mas a minha habilidade era lamentável e só tomava foras homéricos. Até que apareceu a professora de educação artística perguntando se alguém queria concorrer no concurso de lambada que haveria dia 24 na escola. Alguns levantaram a mão. Eu pensei, não sei dançar, sou uma aberração dançando. Não vou participar disso. Se participar, vou passar vergonha. Mas não é que todos que levantaram a mão, a Leila também levantou e todos os casais foram formados, só sobrou ela. A professora perguntou se alguém mais queria. Fiquei louco com a situação que estava se desenhando. Se aceitasse, estaria dançando com a garota que mais desejava, poderia passar a vergonha que fosse, mas só de dançar com ela com aquelas saias minúsculas de lambada me deixava louco. Tinha que levantar a mão, tinha!
Não levantei.
Ela disse que tinha uma amiga da outra classe que elas dançariam juntas.
Uma semana depois estava no intervalo conversando com alguns colegas de classe, e uma coisa estranha e que alguém reparou e questionou. Sabe daquele garoto mais novo da sala que ela havia beijado na frente de todos? Por que ele não levantou a mão, já que ela era namorada dele.
Ele respondeu que não aguentava mais ela. Ele dizia que ela estava ficando chata, que não largava do pé dele e que eles terminaram. Mas o surpreendente não era isso. Tinha mais um motivo. Ele desconfiava que ela estava gostando de alguém e que eles só estavam juntos para ela fazer ciúmes a essa pessoa, que ela só pegava no pé dele quando essa pessoa passava por perto deles.
Seria eu? Perguntei na hora sem pensar.
Ele respondeu que não. Que talvez era um rapaz da 6ª pois ele era vizinho dela.
Tudo bem. Não era eu. Ou era e ele não percebia?
Mesmo assim fiquei animado. Ela não tinha mais o pirralho para atrapalhar. Uma semana antes da festa junina da escola, ela saia mais cedo para ensaiar para o concurso de lambada. Eu queria morrer. Queria que algo acontecesse e eu fosse levado para outra galáxia. Mas tinha que aguentar, afinal aquilo estava acontecendo pela minha covardia e falta de atitude.
Terça-feira, ela e algumas amigas dela (gostosas como ela) se aproximaram de mim. Estranhei aquilo. Perguntei o que elas queriam comigo. A Leila disse que ouviu alguém dizer que eu iria mudar do bairro e que por isso pararia de estudar por não ter condições de pagar a condução até a escola. Ela chegou ao cúmulo de se oferecer a pagar a minha condução para que eu não parasse de estudar. Algo estranho, muito estranho. Elas sairam e eu fiquei pensando nisso.
Eu na classe, como não gostava muito de certos professores, falava na aulas deles que não via a hora de me mudar e mudar de escola. Tinha rixa com alguns alunos, mais com os "playboys" e "patys" filhinhos de papai.Não via a hora de ir embora.
Mas algo estava para acontecer.

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